quarta-feira, 19 de março de 2014

"I found my prince, I call him... Daddy!"



Eu sei, já lá vai. E, é por ter ido tão rápido, por este ia me ter passado apenas nos bastidores que chego a uma conclusão: aceitei, de vez, que não estás mais presente. Que, naquela altura, a minha visão era inocente e tu eras o meu herói. Ensinas-te-me mil e uma coisas que guardo sem me lembrar que essas coisas já existiram. E, retiras-te-me outras duas mil coisas. Acho que morreste quando a tua esperança morreu. Quando o sabor da tua vida, deixou de ser doce.

Agora com uma visão perfeitamente realista, percebo: nesta idade, na minha idade, os heróis tornam-se humanos e seguem os seus caminhos deixando qualquer coisa para trás. Por incrível que pareça, consegui deixar de sentir saudades. Afastar as tuas maneiras, gostos, cores e dissabores da minha beira. Deixei de querer ter encontros contigo porque acabava sempre no teu ombro a chorar por mais que te quisesse dizer que me magoava cada vez que caia na terrível desilusão de perceber que nem chegaste a tentar.

Mas, és o meu Pai. Se tenho este lado cheio de garra e em simultâneo um lado mimoso foi pelas nossas convivências. Se segui certos rumos que se tornaram os mais correctos para mim foi porque assim me aconselhaste. Lembro-me das horas e horas a fio em que te ouvia. Bastava chamares o meu primeiro nome e eu saberia que ia levar raspanete. 

Chorei durante anos por teres saído por aquela porta. Chorei no Natal. No Ano Novo. Nos meus anos. Nos teus anos. Nos anos da mãe. Nos anos da avó materna. Chorei por nunca teres tentado ser o suficiente. E, foi essa sensação que carregaste nos teus ombros por erros teus durante tanto tempo que acabaste por sair por aquela porta. E, eu, ainda miúda acabei por chorar. E, hoje mesmo que não chore, sinto a nostalgia dos velhos tempos a pesar-me.

Não te culpo. Foi o que era suposto. O que supostamente deveria de ter sido. Mas, hoje estou crescida. Com raízes profundas de sementes que não foste tu, Pai, que semeaste. E, um dia, vou ter o mais belo jardim só para mim. E, vou ensinar aos meus futuros frutos o que aprendi contigo e o que aprendi também... sozinha. E, tu, Pai melhor do que ninguém sabes que aprendi imensa coisa sozinha. 

Só quero que fique por cá registado que, apesar de tudo, me lembrei de ti e de escrever um pouco de ti, para ti. Feliz dia do Pai, Mil beijos. 

3 comentários:

  1. Por muito que a vida nos troque as voltas é difícil esquecer; deixar passar. E mesmo que um dia tenha magoado, hoje consegue ser sinónimo de aprendizagem.

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  2. Eles ensinam-nos sempre algo, seja por estarem presentes ou ausentes. Mas não é fácil ter um pai ausente. O meu também podia ser mais presente mas pronto.
    Se assim não fosse não seriamos quem somos hoje.


    O botão para o teu tumblr não está a funcionar :(

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