terça-feira, 18 de março de 2014

Nostalgia das 00:35


Autoria da foto: Ace
Nada melhor do que a palavra nostalgia para descrever os momentos que tenho comigo própria quando estou pendurada na janela a fumar um no quarto da pessoa que nos últimos quatro meses tem sido o meu melhor amigo, o pilar de cimento da minha cabana destruída pelas tempestades moribundas e negras de todas as cenas que poderiam ter sido diferentes. Mas, a verdade é que, no entanto, o final podia ter sido pior. Podia ter acabado numa valeta sem forças para me levantar, podia até ter coragem para mandar uma bala no cérebro, atirar-me de uma ponte. Sabe-se lá a cabeça de um ser humano. Muitas vezes a maior frustração está na palavra porquê?, porquê?, porquê? - Sem respostas procura-se a dita luz ao fundo do túnel. Hoje só olho para trás vezes sem conta e rio-me de certas circunstâncias da vida. Poderia ter acabado como uma zeca ninguém a pedir esmola de sentimentos mas nah. Tenho amigos, tenho duas famílias, uma de sangue embora problemática e outra que recebi com braços abertos. Considero-os a todos, sem excepção, os meus tesouros. Algo que nunca pensei encontrar mas que encontrei e que por cada erro que cometi e que, se calhar, não mereci, agradeço. Alguns conhecidos que me ligam de mês a mês a contar o seu dia. Um grupo fixo de óptimas pessoas perto da escola. Tenho um euro quase todas as semanas no bolso para comer um chocolate se me apetecer. Afinal, a vida é puta, mesmo.

Num balanço positivo, mudei tanto que ás vezes perco-me quando me olho ao espelho. Juro por Deus. Antes, imaginava mil braços em meu redor que me agarravam a merdas sem lógica. Agarrados as feridas com unhas afiadas, esgravatando... Eu, era apenas uma chavala. E, em três anos os meus divorciaram, a minha avó materna morreu... Um explodir de acontecimentos catastroficamente catastróficos na minha cabeça. 

Os dilemas de uma família destruída. Um ambiente soberbo 24 sob 24. Muitas vezes. Tantas que fodi os cornos na parede e pensei em desistir. Da comunicação com a minha mãe. Da relação mimosa com o meu pai. E, voltei sempre. E, se hoje algumas coisas simplesmente deixaram de fazer falta, ainda que seja a minha avó, a minha mãe ou o meu pai então foda-se... a vida é mesmo assim. Simplesmente, as ligações quebram e para mim existem erros imperdoavéis mesmo que no fundo exista todo o amor do Mundo, arredores e mais amor. O meu pai que sempre foi o meu ídolo também me fez perceber que afinal os heróis existem quando somos crianças, os humanos existem quando cada um tem que seguir o seu caminho.

Estou bem. Isto é um texto de pura inspiração. Aleluia que voltou por momentos. Substitui a dor pela beleza de mudar o que não gostava em mim. Substitui o tempo com amigos, o meu primeiro e intenso namorado, saídas, cafés, concertos de hip hop. Ando a aprender a cozinhar. Tornei-me mais satisfeita comigo mesma. Tenho auto-estima. Respeito-me. Sou boa miúda. 20% anjo, 80% Diabo. Não gosto de escola mas quero muito trabalhar. Fumo uns. Não bebo. Sorrio-o. Aconselho. Barafusto. Ouço. Reflicto. Penso. E, o que mais possa fazer.

...as pessoas que sabem sobreviver são mais perigosas. Por isso, não tenham medo das vossas feridas e consequentemente, cicatrizes. 

Ps: Esta semana irei trazer-vos dois assuntos bastante interessantes! Estejam atentos!

2 comentários:

  1. Gostei tanto de ler isto, a forma que escreveste que até fiquei sem saber o que dizer.

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  2. Há alturas em que a vida nos parece mesmo uma merda, que nos atira para a frente das feras e nos obriga a sobreviver como se fosse a coisa mais simples. Caímos muitas vezes, batemos com a cabeça na parede, apetece-me desistir mil vezes por dia, mas depois há sempre algo ou alguém que nos faz pensar o contrário. E no fim, quando sentimos o sufoco a desaparecer e conseguimos respirar, olhamos para trás e percebemos que as feridas que nos cravaram a pele só nos tornaram mais fortes. Se calhar até nos rimos de algumas situações. Por muito que às vezes ainda magoe.

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